05 agosto, 2006

Sem nós

Nem eu nem tu existimos nesse mundo que gira em torno de uma distante estrela, perdida no espaço infinito, fora do alcance de qualquer telescópio. Há manhãs de sol de um tempo parecido com o nosso setembro. Há pássaros, nuvens, montanhas, chuvas, luas. A vida corre nesse mundo, alheia à nossa existência. Segue ela sem o controle remoto de nossa consciência, sem review, sem forward.
Uma árvore projeta sua sombra sobre um gramado ao sol do meio-dia, mas ninguém está lá para ver nem árvore nem sombra. E no entanto elas existem tão concretamente como a cadeira em que tu te sentas agora. O vento acaricia as folhas da árvore solitária, mas não há ninguém para escutar o doce murmúrio desse suave contato. Não há idéia de árvore. Há apenas árvore. Não há sensação de vento. Apenas vento.
Também não há vitória ou derrota, ambição ou humildade, desejo ou resistência. Há apenas vida, sem mim, sem ti. Vida sem nós.

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