02 abril, 2006

Um pouco de poesia e mistério

O silêncio do início de uma noite de domingo nas ruas de meu bairro pode ser eloqüente, dependendo do apuro de meus sentidos, da quietude de minha mente. Em início de abril já é noite às sete horas: resta uma tênue claridade, que rapidamente vai se apagando no poente. Estrelas de outono começam a aparecer silenciosamente. Árvores nas calçadas, sob a mortiça luz dos postes, projetam sombras que conferem um tom de irrealidade ao aqui e ao agora. Nem tudo se pode ver, e o conhecido ganha tons de mistério. De vez em quando um carro cruza o silêncio, que se refaz em segundos, tão logo o som do motor se dissolve entre o sussurro das folhas das árvores, levemente agitadas pelo vento que sopra do mar. Há casas com pessoas; há casas vazias; passando por elas, uma mente que de repente silencia e se abre para a poesia e o mistério que está ali, onde menos se espera. Por alguns instantes, existe apenas contemplação.

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